Uma pesquisa realizada
na UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) aponta que 78,6%
das crianças acometidas por câncer gostam da presença de palhaços
nos hospitais. Desenvolvida por Alessandra Brunoro Motta para sua
tese de doutorado, o estudo “Brincar no hospital: estratégia deenfrentamento da hospitalização infantil” demonstra a necessidade
de estratégias para a aplicação do brincar no contexto hospitalar.
A cultura hospitalar,
segundo a pesquisa, é marcada pela despersonalização dos pacientes, o que acaba gerando comportamentos deprimidos. “É
fundamental criar mecanismos para promover um ambiente que
não reforce esses comportamentos e ajude a criança a enfrentar as
dificuldades da hospitalização e da doença”, acredita Motta.
Participaram desta
pesquisa 28 crianças (9 meninas e 19 meninos), com idade entre 6 e
12 anos, em tratamento no Serviço de OncoHematologia de um hospital
infantil público em Vitória, no Espírito Santo. Em termos
clínicos, 71,4% das crianças eram portadoras de leucemia.
Em entrevista com as
crianças, Alessandra Motta descobriu que, diante da pergunta “o
que você gostaria de fazer no hospital”, o brincar foi citado pela
maioria das crianças (78,6%). Ao investigar como as crianças
definiam o brincar, verificou-se que 67,8% consideravam as
consequências de divertimento, alegria e prazer. Em relação ao
parceiro de brincadeiras desejado, a maioria das crianças relatou
que gostaria de brincar com as próprias crianças que frequentavam
o hospital, por “serem do mesmo tamanho”.
Analisando as escolhas
das crianças por tipos de brincadeiras, verificou-se que, em relação
aos jogos de exercício,
tocar instrumentos (85,7%) foi o mais escolhido. Entre os
jogos simbólicos, desenhar (89,2%) e brincar com palhaço (78,6%)
foram as brincadeiras mais escolhidas.
“A escolha por
brincar com palhaço é feita devido tanto a fatores relacionados ao
contexto da brincadeira quanto a aspectos afetivos ou emocionais”,
aponta. “Entre os aspectos do contexto da brincadeira, destacam-se
relatos referentes à vestimenta, à aparência física e às
atitudes do palhaço. Entre os aspectos afetivos ou emocionais
relacionados à escolha desse tipo de atividade, destacam-se as
sensações de alegria e felicidade, as gargalhadas, os sorrisos e a
diversão proporcionados pela interação com o palhaço”, descreve
Motta.
Os relatos de
experiência sobre a presença do palhaço no hospital têm mostrado
o efeito positivo que este tipo de atividade exerce sobre o bem-estar
da criança hospitalizada, desencadeando sorrisos e alegria. Por
outro lado, a idade da criança e de sua experiência anterior com
palhaços devem ser levadas em contas.
Jornalista da Equipe de
Comunicação da ONG Hospitalhaços
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