terça-feira, junho 11, 2013

O palhaço Genérico Original!

Meu nome é Wagner Wilson Mageste, tenho 39 anos, casado há 16 anos, sou pai da Waleska, da Rayssa e logo estará chegando a Giovanna, tenho três poodles que considero como extensão da minha família, a Poly, o Fabian e a Chayenne, trabalho na área da Tecnologia da Informação, estudei para isso uma vida toda.

Desde criança sempre admirei ações voluntárias, meu avô paterno fazia parte dos Vicentinos da Cidade de Dois Córregos, e me lembro uma vez que passávamos férias na casa dele, ele me levou junto para ajudar a coletar alimentos nas propriedades rurais da região para levar para o asilo. Lembro de receber como recompensa da Freira um copo com groselha geladinha e um muito obrigado, sai me sentindo o tal, não esqueço mais isso, como foi bom esse pagamento.

Meus pais também sempre estavam envolvidos com algum tipo de ajuda, Casa de Assis, Centro Espírita, Bazar de Igreja, a minha mãe dá aula voluntariamente em um bazar da Igreja Presbiteriana, mesmo não sendo evangélica, isso me mostrava que o voluntário não precisa ser do local e sim servir o local, o objetivo é ajudar de alguma forma.

Sou membro de uma entidade Filosófica na qual “pregamos” a construção do homem interior, e um dos alicerces disso é a ajuda mútua, que é o trabalho do Palhaço. Ninguém sabe o que esta atrás daquela maquiagem cheia de panqueique, colorida e com um nariz vermelho.

No ano passado eu estava desenvolvendo um projeto em um Colégio, quando a minha cunhada que é pedagoga me pediu para levar alguns brinquedos bons para doação, que o colégio estava arrecadando para o “HOSPITALHAÇOS”. Foi quando eu entrei no site da ONG para saber mais sobre o trabalho. Nesse mesmo período eu havia terminado uma terapia para resolver problemas criados por mim mesmo (depressão, coisas dos tempos modernos) e comecei a ler sobre o trabalho, aí me deu uma vontade de fazer algo, pois sempre fui muito extrovertido e gosto de fazer as pessoas rirem quando estou por perto.

Imediatamente fiz a inscrição pelo site, mas como um autêntico ansioso de carteirinha, que não se contenta com a espera do contato, fui até a sede. Chegando lá já fui falando que eu queria fazer parte do trabalho. Mas me jogaram um balde de água fria (na minha visão, claro), alegando que o curso para palhaço só seria realizado em 2013.
– Meu Deus será que vão se lembrar de mim?!
Quando fui informado do início das inscrições fui mais que depressa. Agora vocês podem imaginar a minha cara quando recebi a carteirinha da ONG, coloquei na carteira e fazia questão de mostrar para a família, mesmo nem sabendo direito para que servia.

Imagine quando recebi o e-mail de confirmação do módulo I... imediatamente enviei o e-mail para minha esposa (tenho esse e-mail guardado ainda). Nesse período eu já havia me engajado na equipe de comunicação da ONG, ou vocês acham que eu ia resistir? Afinal, se não fosse palhaço, algo eu poderia estar fazendo.

No dia do treinamento a Adriana disse que quando deixamos o palhaço nascer acenamos até para poste, acho que foi isso...rs... Não deu outra!

No primeiro dia de visita a supervisora do HC colocou três novatos (o nome dado ao neném palhaço... eu que inventei esse termo...rs) com o Billy (Palhaço do Hospital). O primeiro lugar foi logo a UTI.

Pois é, UTI mesmo, pensei comigo é agora que vou saber se consigo fazer alguém rir. Quando entramos na UTI com aquele palhaço com uma mala e cheio de trek, trek nas mãos, falei pronto! Não poderia me esquecer que ele colocou em minhas mãos uma caixa enorme de remédio, remédio Genérico. Nesse momento o meu nome de palhaço nasceu, mas vamos voltar à UTI.

Ao entrar nesse recinto o primeiro paciente era um senhorzinho que posteriormente percebemos que estava lá sem saber de notícias de sua família, esse paciente deu um sorriso ao ver aquele “PALHAÇO” entrando no quarto. Naquele dia todos os que estavam na UTI ficaram felizes com a presença daqueles “loucos”. O Billy criou uma interação conosco. Depois a visita foi no PS, mais alegria ainda, claro que a dor do corpo que aquelas pessoas sentiam não foi curada, mas a alma ficou alegre.

Estávamos interagindo com os funcionários do corredor, com todas as pessoas que víamos.

Quando saí do hospital ao passar em frente do ponto de ônibus do HC, por pouco, muito pouco eu não mexi com as pessoas, confesso que me segurei e comecei a rir sozinho. Já imaginou o pessoal me levando de volta para a psiquiatria? Depois disso foi ficando cada dia “pior”.

Hoje sou o palhaço “Genérico Original”. O sobrenome Original veio após eu dizer que era Genérico e os pacientes falarem que gostavam mais do Original, então para não ter rejeição à medicação da alegria eu criei o GENÉRICO ORIGINAL.

Para me identificar no Hospital é muito fácil, basta ver um palhaço com uma mala enorme cheia de adesivos, uma caixa grande escrita GENÉRICO, e no final de cada visita entrego um coração de E.V.A. para o paciente simbolizando o remédio que deixo para ele (amor), com a LUZ DA VERDADE na mão. A LUZ DA VERDADE é uma lanterna que se acende: uma luz amarela quando se fala a VERDADE e uma luz vermelha quando se fala MENTIRA. Consegue imaginar o que isso vira?

Essa é a minha pequena versão.



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