domingo, março 23, 2014

Ah, o Outono!


Como já dizia Tom Jobim: "São as águas de março fechando o verão".
A cada nova estação, as coisas também mudam na nossa vida. E, agora, chegou o outono!
O sol do verão vai ganhar uma nova cor, uma nova intensidade e um vento frio pra acompanhar. As folhas vão cair, para que as árvores possam se preparar para o inverno que virá. Os frutos vão amadurecer e se desenvolver, e as pessoas vão mudar a maneira de se vestir.
Ou seja, é a natureza realizando seu ciclo, porém nos dando uma lição de vida. Assim como o céu, nossa vida passará por dias de sol e dias de chuva. Dias quentes e dias frios. Mas não é porque você gosta mais do frio ou do calor, da chuva ou do sol, que você vai deixar de viver ou de se adaptar.
As pessoas vão mudar os ares como mudam de roupa. As folhas secas e velhas caem, e as árvores enfim respiram antes de produzirem novas folhas.
Por isso, deixe suas folhas caírem, e comece a produzir outras; melhores, novas, mais verdes! Estude, trabalhe, cante, grite, dê risada, VIVA. Tenha novos pensamentos, novas ideias, novas atitudes.


Crepúsculo de Outono      

O crepúsculo cai, manso como uma benção.
Dir-se-á que o rio chora a prisão de seu leito...
As grandes mãos da sombra evangélicas pensam
As feridas que a vida abriu em cada peito.


O outono amarelece e despoja os lariços.
Um corvo passa e grasna, e deixa esparso no ar
O terror augural de encantos e feitiços.
As flores morrem. Toda a relva entra a murchar.


Os pinheiros porém viçam, e serão breve
Todo o verde que a vista espairecendo vejas,
Mais negros sobre a alvura unânime da neve,
Altos e espirituais como flechas de igrejas.


Um sino plange. A sua voz ritma o murmúrio
Do rio, e isso parece a voz da solidão.
E essa voz enche o vale...o horizonte purpúreo...
Consoladora como um divino perdão.


O sol fundiu a neve. A folhagem vermelha
Reponta. Apenas há, nos barrancos retortos,
Flocos, que a luz do poente extática semelha
A um rebanho infeliz de cordeirinhos mortos.


A sombra casa os sons numa grave harmonia.
E tamanha esperança e uma tão grande paz
Avultam do clarão que cinge a serrania,
Como se houvesse aurora e o mar cantando atrás.


- Manoel Bandeira 


Fontes/Fotos: Blog Pensador  e Personare

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