quarta-feira, novembro 18, 2015

Baiana vence o câncer de mama e cria blog para ajudar outras mulheres

Baiana vence câncer e cria blog sobre o assunto.
Quando a baiana Paula Dutra recebeu o diagnóstico de câncer de mama, em 2010, ouvir apenas dos médicos como seria o tratamento e os efeitos colaterais não era suficiente: “A gente fica com a necessidade de falar com outra pessoa que passou por isso, perguntar o que sentiu, pedir conselhos”. 

Ao procurar por ajuda na internet, ela percebeu que não existiam blogs ou páginas nas quais as pacientes pudessem trocar experiências e ajudar umas às outras. Foi assim que surgiu a ideia de criar o blog Mãos na Mama, que, hoje, é o único da Bahia que fala exclusivamente sobre o assunto e um dos poucos do Brasil que é constantemente atualizado. 

Qual tipo de câncer você teve? E como foi o tratamento?  

Tive um câncer chamado carcinoma ductal invasivo — receptor de hormônios. Fui diagnosticada aos 30 anos. Como meu diagnóstico foi precoce, quando o tumor tinha menos de dois cm, eu não precisei ter um tratamento tão invasivo. Tirei apenas um quadrante da mama. Fiz oito sessões de quimioterapia, uma cirurgia e radioterapia. Hoje, faço bloqueio hormonal, que comecei em 2011 e vai até 2021.

Como foi a sua reação ao receber o diagnóstico?

Por mais incrível que pareça, eu não me desesperei nem nada. Olhei para o médico e disse "tá bom, e agora?". É claro que este é um momento muito difícil, mas eu sabia que precisava manter a calma para lutar contra a doença e é isso que eu sempre falo para outras mulheres, é preciso ter calma, porque dá para curar.

Depois do diagnóstico você buscou ajuda na internet. O que você encontrou? 

Procurei ajuda, mas encontrei muito poucas comunidades. Parece que 2011 faz pouco tempo, mas para a internet é um abismo enorme. Encontrei algumas coisas em fóruns americanos, mas aqui no Brasil havia muita coisa técnica e pouca coisa leiga. Acho que hoje a coisa está muito mais fácil, com os grupos em redes sociais, portais etc.

Qual foi a importância de conversar com essas outras pacientes tanto após o diagnóstico quanto ao longo do tratamento? 

Eu conversei com todas as pessoas próximas e as que eu ia encontrando. A gente fica com a necessidade de falar com outra pessoa que passou, perguntar o que sentiu, querer ajudar, pedir conselhos. Essa necessidade chega a ser maior do que falar com o médico. É fundamental essa troca de experiências, por isso que eu me disponho a ajudar qualquer pessoa que precisa.

Falar abertamente sobre a doença também te ajudou a encará-la de forma mais fácil?  

Sim, isso desmistifica a doença, faz com que as pessoas vejam que não é uma sentença de morte e, ao mesmo tempo, alerta mulheres jovens como eu que a doença pode atingir qualquer pessoa. Hoje mesmo uma amiga disse que, depois de ter me conhecido, ela vai fazer os exames das mamas bem mais calma, sabendo que se tiver alguma coisa, terá como resolver. As pessoas me procuram, principalmente nesse primeiro momento do diagnóstico quando sempre vão à internet em buscar de respostas.

E como surgiu o blog Mão Na Mama?  

Com o passar do meu entendimento, eu quis fazer o blog justamente para ajudar a colocar de forma leiga a informação técnica que existia. Porque, quando a informação era leiga, era desencontrada e sem credibilidade. Eu quis sanar isso. Falo das minhas experiências e, quando é uma coisa mais técnica, peço ajuda a alguns oncologistas que conheço para validarem o texto. Hoje ele é o único da Bahia que fala exclusivamente sobre o assunto e um dos poucos do Brasil que é constantemente atualizado.

Então o blog e as redes sociais também passam uma sensação de união para as mulheres?  

Sim, pois falamos das dúvidas mais elementares! E esses espaços tiram uma das principais angústias: a solidão. "Eu não estou sozinha". Sempre penso no termo "cancer sister" (“irmã do câncer”, em tradução livre), pois vejo uma incrível solidariedade entre 99% das pacientes de câncer. Nós formamos mesmo uma comunidade. Hoje, tenho várias pessoas que conheci por conta da doença e considero amigas. Temos um elo, uma ligação eterna!

Quais são as principais dúvidas ou receios que as mulheres têm quando entram em contato com você?

Se o cabelo cai mesmo, se elas vão enjoar, como foi meu caso, meu tratamento. Basicamente, é o medo do desconhecido. O principal receio, depois do cabelo, é a quimioterapia, todas pensam de primeira que vão vomitar e enjoar muito, o que não é verdade. Cada caso é um caso e hoje a medicina está super avançada.

De todas as pessoas que entram em contato com você para pedir ajuda, teve algum caso que mais te marcou? 

Lembro que um marido do Rio de Janeiro me procurou porque a mulher havia sido diagnosticada. Passamos um bom tempo trocando ideias, ele desabafando as angústias. Depois disso, muito me emociona o caso de uma pessoa próxima a mim que teve câncer de mama com dois meses de gravidez, fez todo o tratamento e, hoje, ela e a criança estão super saudáveis. Cada caso é especial e, hoje em dia, muitas das pessoas que ajudei me auxiliam na conversa com outras pessoas, por exemplo, quando uma pessoa que tem filhos pequenos ou está grávida me procura, eu coloco ela em contato com essa amiga que citei, que passou por isso.

Fonte: R7

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