sábado, maio 11, 2013

Com vocês o palhaço Sempre-Ri

"No início deste ano, via Facebook, eu descobri a existência da ONG Hospitalhaços e busquei me informar e fazer parte desse trabalho incrível. E a cada e-mail e convocação eu me sentia mais próximo de um sonho. Então, direcionei (finalmente) a fé que tenho na humanidade à ONG - que é um excelente instrumento de humanização. E depois de alguns meses e treinamentos  -  e domingos de poucas horas de sono... - e dedicação: 'voilà!', me tornei um palhaço de hospital!
Para criar meu palhaço eu juntei algumas ideias distintas, mas que se encaixaram bem: o nome, Sempre-Ri, é um apelido de infância que ganhei de meu irmão mais velho pois, dentuço, não fechava a boca; as brincadeiras de atuação com música e poesia eu já tinha planejado pois são artes que admiro e me esforço a transformar o mundo (ou parte dele) com o uso de tais; a fantasia fora mais difícil, mas... sorte minha estar lendo a obra Cyrano de Bergerac, do poeta e dramaturgo francês Edmond Rustand, que me inspirou a criar um palhaço baseado em Cyrano. (Cyrano foi mosqueteiro, músico e poeta; é um herói romântico, que combate a covardia, a estupidez e a mentira. E de nariz horrorosamente grande...) A combinação de tudo resultou no 'monsieur' Sempre-Ri.

Costumo escrever alguns sonetos - quando mui inspirado -, e não demorei a compôr um para levar aos pacientes e deixar de lembrança. De caráter lúdico, claro! (Para quem não sabe, soneto é uma composição poética formada de dois quartetos e dois tercetos.) E não suficientemente contente com isso, para ficar mais próximo do meu personagem, após escrevê-los eu os mergulho em café, deixo-os secar para então queimar as bordas, enrolar e botar um laço de fitilho. Assim, vira um pergaminho.

Eis o meu palhaço e seu trabalho!
Um forte abraço a todos, e que não falte alegria e carinho a vós e a quem levardes!"


Soneto lúdico #1

Talvez das paixões seja est' a primeira
À qual s' entrega fácil, cegamente
E não é à toa: nos conforta; é verdadeira!
(Ao terminar, quem vier a rir consente)

Companhia esta que acolhe-nos o pranto
E não reluta ou faz-se indisponível
Ouve monólogos, conversa, canto
- Mas é realista: faz-nos só o possível

Está sempre present' em nossos sonhos
Sejam sonhos alegres ou tristonhos
Nunc' abandonanos  -  grão companheiro

Nos espera o dia todo, todo dia!
Às vezes co' outra 'stampa  -  não é mania
E o amo cada dia mais, meu travesseiro!

Rodolfo Matheus - 'monsieur' Sempre-Ri







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