domingo, abril 14, 2013

Falando de Palhaços


O palhaço é o representante mundial da graça, da alegria, do riso. Inúmeros estudos afirmam que pessoas engraçadas estão sempre rodeadas por muitas pessoas e são muito bem aceitas e requisitadas em qualquer lugar. A graça faz muito bem ao ser humano e o palhaço funciona como condutor ao caminho do riso. Seja pela expressão do seu corpo, seja pelas anedotas, seja pelas histórias e aventuras que nunca dão certo.



Etimologia
A palavra Palhaço deriva do italiano “paglia”, que quer dizer palha, que era o material usado no revestimento de colchões. O nome começou a ser usado porque a primitiva roupa desse cômico era feita do mesmo pano e do mesmo revestimento dos colchões: um tecido grosso, listrado e afofado nas partes mais salientes do corpo com palha, fazendo de quem a vestia um verdadeiro "colchão" ambulante. Esse revestimento de palha os protegia das constantes quedas e estripulias.



A palavra Clown é de origem inglesa e começou a ser utilizada no século XVI. Deriva de cloyne, cloine, clowne. Etimologicamente vem de clod, que em inglês significa "camponês" e ao seu meio rústico, a terra (estúpido, cabeça-dura, bronco). O termo em inglês é amplamente utilizado, por conta da influencia do britânico Philip Astley, considerado o "pai do circo moderno”.



Embora vinculado aos circos, o palhaço pode atuar também em espetáculos abertos, em teatro, em programas de televisão ou em qualquer outro ambiente. Em várias ocasiões é o personagem que tem a tarefa de entreter o público durante e entre as apresentações, especialmente no circo. É geralmente vestido de um jeito engraçado, com trajes desproporcionais e multicoloridos, com aplicações de pinturas (maquiagens) especiais, e acessórios característicos.



Ser Palhaço

Ser palhaço não é só colocar um nariz vermelho, uma roupa engraçada e saber contar uma piada. O palhaço é um arquétipo social e sua função é muito séria, sincera e respeitosa. Ele é a representação da falibilidade humana, do fracasso, da inadequação, do ridículo que existe em cada um de nós, do ridículo que é presente na sociedade.



Trabalhar esta linguagem exige muita dedicação, estudo e, por que não dizer, disposição, pois escolher colocar um nariz vermelho - e se expor - significa escolher tirar todas as “armaduras”, as “máscaras”, as representações cotidianas e deixar com que todos vejam o seu “lado frágil”, aquilo que você chama de defeitos – físicos e psicológicos –, o seu ridículo, o seu fracasso. Eis a função do palhaço.



Quando isso é exposto de maneira sincera e verdadeira, quando este lado frágil é mostrado e quando se deixa rir dele, automaticamente existe uma identificação de quem o assiste, seja uma identificação pessoal com a “figura inadequada” que é o palhaço, ou uma identificação com o ambiente em que ele está inserido, justamente por que ele mostra as “falhas” desse ambiente, dessa sociedade.



Origens

Esta função existe desde a Antigüidade, quando o Bobo da Corte podia falar as verdades sobre o reino e sobre o seu rei, sem perder a cabeça. Afinal de contas, ele era “só” o Bobo da Corte. Ele podia dizer, por exemplo, o quanto o seu Rei era soberbo ou o quanto era estúpido, satirizando situações que já tinha presenciado. E, os outros riam, inclusive o Rei. Riam porque sabiam que aquilo tinha mesmo acontecido, não exatamente daquela maneira exagerada, mas tinha acontecido, ou ainda, poderia acontecer. E o Bobo podia fazer tudo isso simplesmente por que brincava com a situação.



O palhaço não aponta seus defeitos e nem os defeitos de ninguém. Ele deixa que os outros apontem, que os outros percebam. Ele mostra, de uma maneira sutil e sincera, o que todo mundo tenta esconder.



Palhaços de Hospitais

A presença de palhaços nos hospitais abre as portas para um universo de possibilidades de troca, de riso, de jogo, que só esta figura pode proporcionar. Em um ambiente onde todas as ações devem ser medidas com exatidão, sem dar a menor chance para o erro, o palhaço instaura um novo espaço onde vale cantar, dançar, falar bobagens e rir de si mesmo. A arte pode fazer isso: transformar espaços e pessoas. Nesse sentido, a presença do palhaço no hospital tem como um de seus objetivos, tirar, por alguns minutos, o paciente do seu estado de “paciente”, dando a ele a oportunidade de viajar para um lugar novo, onde tudo é possível. Uma brincadeira séria.

Mauricio Batarce

Jornalista da Equipe de Comunicação da ONG Hospitalhaços


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