domingo, fevereiro 03, 2013

Uma virtude ou um presente divino?


Quando criança, era levada pelos meus pais para uma casa de repouso. Lá, acompanhados por amigos da igreja, preparávamos café da tarde para os velhinhos e, por outras vezes, levávamos picolés. Nessas visitas, ouvia pais amorosos, mães saudosas, avós entristecidas que contavam suas tristes histórias de abandono. O asilo era sofisticado. Havia festa toda semana, áreas verdes para caminhada, bons enfermeiros... Coisas que o dinheiro comprava. Mas o que eu descobri e aprendi naquelas idas e ouvi deles é que nada disso substituiria a atenção, o carinho e o respeito que podemos dar a alguém simplesmente ao nos dispormos a ouvi-los.
Sentávamos ao lado deles e ouvíamos histórias fascinantes. Por vezes, entrei em quartos de pessoas já extremamente debilitadas que sequer conseguiam falar. Aquelas boquinhas já marcadas pelo tempo abriam o sorriso banguela mais lindo e transformador que pode haver nessa vida.
O tempo passou e a semente do exemplo que meus pais me deram quando criança geraram frutos. Fui voluntária em várias ONGs e em eventos esporádicos; me envolvi em tudo o que pude e trouxe comigo os amigos que consegui.

Contudo, no ano passado, meu pai passou por algumas complicações de saúde e foi operado. Nunca vi minha mãe e eu tão vulneráveis. A preocupação com a saúde parece às vezes intangível para nós. Ver alguém que amamos com dor, sofrendo, dói. Dói na gente, dói em famílias inteiras, dói nos amigos.
Quando meu pai foi internado para a operação, eu e minha mãe nos recolhemos na capela e, para a nossa surpresa, houve uma missa naquela manhã. Aquele dia eu percebi como nós ficamos carentes de afeto, de uma palavra de conforto, de algo para nos dar força quando problemas de saúde abalam nossa família, mais carentes do que muitas das crianças e idosos que eu já ajudara. Eu não sabia o que era estar em um ambiente hospitalar e sentir aquele turbilhão de emoções e, definitivamente, não gostei do que senti.

Parando para fazer um balanço de tudo isso, lembrei-me de conhecidos que atuavam como voluntários em hospitais de São Paulo. Comecei a ver as fotos de suas idas, aquela imagem lúdica e linda dos palhaços levando cores, vida e alegria dentro daqueles ambientes brancos e, de certo modo, melancólicos. E, por Deus, quanta magia emana daquelas fotos!

Semestre passado uma amiga me contou que estava atuando em uma brinquedoteca de uma tal ONG “Hospitalhaços”. Fiquei curiosa. De repente, uma sequência de coincidências (sinais divinos ou qualquer outro nome que você dê para isso) aconteceram: conheci um rapaz cuja mãe era voluntária e descobri que a mãe de uma amiga já foi palhaça no Boldrini. Começaram a surgir compartilhamentos no meu Facebook da página da ONG. E eis que entro no Youtube e aparecem nos vídeos recomendados uma reportagem intitulada “[GENTE DO BEM] ” (recomendo FORTEMENTE que vejam até o finalzinho para ver o poema dito pelo Picolé) que falava sobre a ONG. Desandei a ver os vídeos relacionados sobre a ONG. E, caraca, nunca tinha visto nada que tivesse me impressionado tanto! Estava decidida, era isso o que eu queria para mim.



 Enquanto pessoas gastam verdadeiras fortunas com tratamentos psicológicos, com a busca de prazer, de paz, tem gente poderosa que consegue trazer felicidade de graça usando apenas um nariz vermelho.
Enquanto tantas pessoas ficam em casa de barriga para cima criticando governos corruptos, a violência que corre solta por aí, esse mundo “que não tem mais jeito”, existe um montão de gente que brilha e vai à luta, que atua como agente de transformação nesse mundo.

O riso é o remédio da alma. Essa louca aventura de levar esse remédio para as pessoas, que é também uma responsabilidade muito séria, me tocou. E eu aposto que irá tocar você.

Existem diversas maneiras de participar ou contribuir com a ONG e, se eu fosse você, não perderia tempo também.

Doar-se, tocar a alma de alguém e ser tocado, existe coisa mais maravilhosa que essa?

Como o Picolé e a Pimentinha lembraram no vídeo: coloquemos sempre o AMOR em primeiro lugar!

(E, se Deus assim permitir, uma futura palhacinha)



Roberta Valezio, está participando do processo seletivo para atuar como Palhaça de Hospital. Boa sorte para ela e a todos os participantes!

Quer ver a tua história publicada aqui? Envie um email para comunicacao@hospitalhacos.org.br. 

JF

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