sexta-feira, agosto 12, 2011
O Contador de Histórias
Minas Gerais, anos 70. Nascido em uma favela de Belo Horizonte, filho caçula de dez irmãos, aos seis anos de idade Roberto Carlos Ramos foi ‘escolhido’ pela mãe para ser interno em uma instituição oficial que, segundo a propaganda da TV, preparava crianças para serem ‘médicos, advogados, engenheiros’. A realidade se revelou, no entanto, bastante diferente para o menino até então criado em uma família e dotado de pródiga imaginação. Apesar das dificuldades em ser alfabetizado, o pequeno Roberto logo aprendeu as leis da sobrevivência na instituição: problema de aprendizado rendia um biscoito, falar palavrão impunha moral, fingir doença, um naco extra de comida. Para driblar a adversidade, Roberto usa seu melhor instrumento: a incrível capacidade de criar situações e imagens para transformar a realidade. Na adolescência, Roberto muda de instituição onde as leis são ainda mais duras e incluem violência psicológica, castigos corporais e uma total ausência de esperança ou possibilidade de mudança. Roberto e alguns internos logo descobrem o caminho das ruas, das drogas e dos pequenos delitos. Em busca de segurança, Roberto tenta associar-se a um grupo ainda mais violento. Aos 13 anos, ainda analfabeto, depois de mais de 100 tentativas de fuga, separado da família, Roberto carrega o estigma de ‘irrecuperável’. Em visita à instituição, a pedagoga francesa Margherit Duvas (Maria de Medeiros) aproxima-se de Roberto com duas expressões que jamais lhe foram dirigidas – ‘com licença’ e ‘por favor’. Este foi o começo de uma emocionante e bem-sucedida história de afeto e dedicação que rendem frutos até hoje: Roberto Carlos Ramos, formado em pedagogia é considerado um dos melhores contadores de história do mundo. Depois de formado, voltou à instituição em que cresceu – mas como professor. E já adotou mais de 20 meninos de rua, muitos, de início, ‘irrecuperáveis’, como ele foi.
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