Todo mundo tem problemas. Quem é que não?
Até o seu vizinho, a loira dos olhos azuis aparentemente perfeita, a ruiva
nerd, ou a morena da capa de revista. Até o estagiário, o patrão, o colega de
trabalho, o cara do supermercado, o estudioso, o preguiçoso. Todos. Homens e
mulheres. PESSOAS têm problemas.
A diferença é que nem todo mundo tem
coragem de assumir; a maioria prefere se esconder numa redoma ou num casulo
criado por si próprio, e só deixar passar o que é aparentemente aceitável. Sim,
boa parte das pessoas vive de aparência (e não, isso não é novidade!). E é por
isso que cada dia mais eu admiro a espontaneidade.
Espontaneidade é algo tão bonito e honesto
de se ver! É quase como achar estrela-cadente no céu - são raras as vezes.
Pessoas que são elas mesmas e se aceitam assim têm a minha eterna admiração!
Mas claro que tem um limite, né? Não tô falando de gente que gosta de “causar”
à toa. Tô falando de ter verdade, de ter personalidade.
Uma vez, em meio à uma viagem, conheci um
casal de idosos. Seu John e dona Constantina, como esquecer? Ele da Austrália e
ela do Chile. Porque eu tenho essa mania meio louca e impulsiva, de sair
conversando com qualquer um na sala de espera do aeroporto. Coisa de aquariana,
acho (ou só coisa de Fernanda mesmo). E quer saber? Nem ligo. Faz parte da
minha espontaneidade!
Enfim, esse casal se conheceu enquanto
Constantina estava na Austrália, e nunca mais se separaram. Moram em Sydney,
mas ambos adaptam suas vidas para verem as famílias, em prol desse amor. A
maneira como John falava da esposa era incrível; um brilho nos olhos, uma
sinceridade que me fez sorrir enquanto ouvia a história. “Fazem 20 anos
que sou apaixonado por ela. Eu não podia e nunca deixaria ela ir”, disse. E era
perceptível pelo cuidado que eles tinham um pelo outro, pelo zêlo, sabe? As
mãos dadas que só se separavam em caso de emergência. Me fez até repensar e
acreditar que é possível ter um amor assim, e viver uma velhice de parceria,
amor e mãos dadas. Porque, no fim, é isso o que conta, né? Quem se importa de
fato. E nessa viagem foi isso o que contou pra mim: cada sentimento verdadeiro
que vi, cada comportamento humano, cada gentileza, cada pessoa que se esforçou
para que eu entendesse seu idioma quando precisei de informação. Ou seja:
cada traço de espontaneidade.
Mas claro que ninguém é perfeito. Eu não
tô aqui pra “profetizar” nada pra ninguém. Mas acho que cada um tem uma
realidade de mundo, e é assim que enxergo a minha às vezes: meio defasada
(perdida em aparências, talvez?), com déficit de sentir, de presença, ou
de sei-lá-o-quê. Pelo menos é isso o que mostram as redes sociais.
Por isso, eu mesma tento mudar isso e
fazer o melhor de mim. Curto, compartilho, posto e ajo de acordo comigo mesma.
Se estou triste, falo com um amigo de confiança. Graças à Deus tenho alguns
poucos, mas de verdade. E sou dessas que não conseguem guardar as coisas para
si (agora sim, deve ser coisa de Aquariana!).
Se estou feliz, comemoro à minha maneira
tradicional: saio com os amigos, ouço música 25 horas por dia, leio um livro,
grito, dou risada, tomo chuva, escrevo, sorrio. Certas reações a gente não
consegue disfarçar. E não adianta disfarçar a tristeza como você disfarça seu
cabelo desarrumado quando você acorda. Porquê, uma hora, ele vai se
mostrar tal como é. E o mesmo se dá com a vida: se você ficar mascarando e não
fizer nada pra mudar, o problema vai continuar ali.
Qual a sua maneira de demonstrar
felicidade? E de ser você mesmo? Confesso que, apesar de ter as minhas
próprias, vivo numa busca constante atrás de novas. E esse texto nada mais é do
que um caminho pra isso. Talvez com um pouco de reflexão filosófica de madrugada de
menina, admito. Mas ainda assim, uma forma de expressão.
Enfim, a moral da história é essa: ache
seu caminho alternativo. Pra ser feliz, pra sofrer em paz, pra alcançar um
sonho, pra viver. E bote sua personalidade nisso, sua naturalidade, sua
espontaneidade (Já falei que adoro esse lado humano das pessoas né? Já. Ok,
Fernanda). Mostre sua real aparência, seu eu para o mundo; aquele eu fora do casulo
e da redoma. E depois me conte o que mudou, quantos elogios recebeu, e quantos
quilos de preocupação tirou das suas costas.
Por: Fernanda Lagoeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário