"Ser palhaço é viver permanentemente envolto por uma onda de risadas. Eu rio muito mais do que faço rir", diz Raul Barreto, um dos palhaços do grupo Parlapatões, sobre sua profissão. São mais de 250 espetáculos por ano da turma, que faz parte de uma geração, digamos, de "novos palhaços".
A figura do palhaço, tal como a conhecemos hoje, com nariz vermelho, peruca e roupa espalhafatosa, surgiu em meados do século XIX, explica o pesquisador Mário Bolognesi, autor do livro "Palhaços" (editora Unesp).
O nome deste tipo de palhaço é Augusto. Pode-se dizer que ele nasceu no fundo de um circo em Berlim. Um acrobata que saltava de cavalos foi excluído do espetáculo após cometer erros e cair em uma seqüência trivial de acrobacias. O nome dele era Tom Beling, sujeito brincalhão.
Um dia, nos bastidores, pegou a maquiagem dos colegas, passou no rosto de maneira exagerada, colocou uma peruca do avesso e vestiu roupas coloridas e grandes. Começou a fazer graça para os colegas. O dono do circo viu a cena e decidiu colocá-lo de volta no espetáculo, desta vez fazendo palhaçadas no lugar de acrobacias sobre cavalos.
- O público, ao ver o número, começou a gritar 'august', que significa idiota. Daí o nome deste tipo de palhaço - explicou Bolognesi.
Os ancestrais do palhaço Augusto são o Arlequim e o Pierrot da Comedia del'Arte francesa. Também há em suas raízes algo do bobo da corte inglês, figura que aparece nas peças de Shakespeare, como em "Rei Lear", por exemplo. Até 1894 era proibido aos palhaços o uso da palavra, pelo menos na França e em parte da Inglaterra. Só depois é que eles puderam começar a fazer números com falas.
- Os palhaços brasileiros são diferentes. Alegria, dinamismo e o uso do vocabulário popular são suas principais características. Na Europa, os palhaços usam mais a mímica e a pantomima - diz o professor de Técnicas Circenses do departamento de Artes Cênicas da Unicamp Luiz Rodrigues Monteiro Junior.
O repertório dos palhaços brasileiros é considerado versátil e plural.
- O palhaço brasileiro é múltiplo. Não se limita a fazer números que servem apenas de ligação entre outros cenas ou como intervalo para montagem de cenários. Eles atuam no grande circo, no circo teatro, no circo de rodeio, fazem paródias e sátiras - diz Bolognesi.
Assim como o circo, o palhaço tem sofrido mudanças constantes no Brasil e no mundo.
- O fato de atores de teatro criarem palhaços é uma das causas de transformação. O palhaço de circo tem um processo de aprendizado e criação totalmente empírico. Os atores trazem uma nova concepção, com suas técnicas de construção de personagem - avalia Mário.
Há também um processo de transformação do palhaço do grotesco ao sublime. O palhaço que antes enfatizava as ânsias do corpo, passa a manifestar preocupações espirituais.
- Há um esquecimento do lado corporal e o fortalecimento de um lado poético. O palhaço está bandonando o baixo corpóreo para se tornar mais lírico e filosófico - avalia o autor do livro "Palhaços".
Os melhores momentos, os mais engraçados, são aqueles em que a surpresa acontece. Um erro obriga o artista a improvisar e potencializa a graça do espetáculo.
- Na estréia do novo espaço dos Parlapatões em São Paulo, eu tinha uma cena em que entrava vestido de Branca de Neve. Tinha menos de 15 segundos para me trocar. A roupa tem um babado branco na frente e uma capa vermelha atrás. Vesti ao contrário. Acabei entrando em cena assim. Quando percebi, já no palco, decidi aproveitar minha elasticidade e minha habilidade em virar os pés e parecer um Curupira. Pus os braços para trás, virei os pés e fiquei com a cabeça de lado. Fiz a cena toda assim. Meus companheiros de palco não aguentavam de rir. Depois tive um baita torcicolo, mas foi uma das cenas mais engraças que fiz na vida - conta Raul Barreto.
Fonte: GLOBO.COM
O nome deste tipo de palhaço é Augusto. Pode-se dizer que ele nasceu no fundo de um circo em Berlim. Um acrobata que saltava de cavalos foi excluído do espetáculo após cometer erros e cair em uma seqüência trivial de acrobacias. O nome dele era Tom Beling, sujeito brincalhão.
Um dia, nos bastidores, pegou a maquiagem dos colegas, passou no rosto de maneira exagerada, colocou uma peruca do avesso e vestiu roupas coloridas e grandes. Começou a fazer graça para os colegas. O dono do circo viu a cena e decidiu colocá-lo de volta no espetáculo, desta vez fazendo palhaçadas no lugar de acrobacias sobre cavalos.
- O público, ao ver o número, começou a gritar 'august', que significa idiota. Daí o nome deste tipo de palhaço - explicou Bolognesi.
Os ancestrais do palhaço Augusto são o Arlequim e o Pierrot da Comedia del'Arte francesa. Também há em suas raízes algo do bobo da corte inglês, figura que aparece nas peças de Shakespeare, como em "Rei Lear", por exemplo. Até 1894 era proibido aos palhaços o uso da palavra, pelo menos na França e em parte da Inglaterra. Só depois é que eles puderam começar a fazer números com falas.
- Os palhaços brasileiros são diferentes. Alegria, dinamismo e o uso do vocabulário popular são suas principais características. Na Europa, os palhaços usam mais a mímica e a pantomima - diz o professor de Técnicas Circenses do departamento de Artes Cênicas da Unicamp Luiz Rodrigues Monteiro Junior.
O repertório dos palhaços brasileiros é considerado versátil e plural.
- O palhaço brasileiro é múltiplo. Não se limita a fazer números que servem apenas de ligação entre outros cenas ou como intervalo para montagem de cenários. Eles atuam no grande circo, no circo teatro, no circo de rodeio, fazem paródias e sátiras - diz Bolognesi.
Assim como o circo, o palhaço tem sofrido mudanças constantes no Brasil e no mundo.
- O fato de atores de teatro criarem palhaços é uma das causas de transformação. O palhaço de circo tem um processo de aprendizado e criação totalmente empírico. Os atores trazem uma nova concepção, com suas técnicas de construção de personagem - avalia Mário.
Há também um processo de transformação do palhaço do grotesco ao sublime. O palhaço que antes enfatizava as ânsias do corpo, passa a manifestar preocupações espirituais.
- Há um esquecimento do lado corporal e o fortalecimento de um lado poético. O palhaço está bandonando o baixo corpóreo para se tornar mais lírico e filosófico - avalia o autor do livro "Palhaços".
Os melhores momentos, os mais engraçados, são aqueles em que a surpresa acontece. Um erro obriga o artista a improvisar e potencializa a graça do espetáculo.
- Na estréia do novo espaço dos Parlapatões em São Paulo, eu tinha uma cena em que entrava vestido de Branca de Neve. Tinha menos de 15 segundos para me trocar. A roupa tem um babado branco na frente e uma capa vermelha atrás. Vesti ao contrário. Acabei entrando em cena assim. Quando percebi, já no palco, decidi aproveitar minha elasticidade e minha habilidade em virar os pés e parecer um Curupira. Pus os braços para trás, virei os pés e fiquei com a cabeça de lado. Fiz a cena toda assim. Meus companheiros de palco não aguentavam de rir. Depois tive um baita torcicolo, mas foi uma das cenas mais engraças que fiz na vida - conta Raul Barreto.
Fonte: GLOBO.COM
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