quarta-feira, maio 25, 2011

Trabalho voluntário? Com certeza e com muito orgulho.


Hoje, quando acordei, não pensei na prova para qual tinha que estudar, nem no trabalho que pode melhorar meu currículo. Preciso arrumar a casa, mas fica para depois, depois penso nisso, depois penso nos meus problemas. Hoje, quando eu sair de casa, não vou apenas encontrar com amigos, vou fazer alguns novos também.
Hoje, a roupa que sai do armário é uma bem colorida, acompanhada de um nariz vermelho, maquiagem, alguns brinquedos, algumas ideias e muita ansiedade. Em outro momento, pode ser que eu vista apenas a camisa com o desenho dos palhacinhos que significa tanto para mim e vá para outro lugar, conhecer pessoas que sabem bem mais da vida do que eu, também um dia diferente.
Hoje, eu deixei a minha rotina de lado e, mesmo com o cansaço da semana, vou de sorriso aberto, porque hoje eu quero, mais uma vez, a mãozinha que tenta estourar as bolhas de sabão que voam pelo corredor do hospital, a ansiedade da criança que senta na cama quando vê o palhaço passar, a gratidão dos pais que acham que damos muito a seus filhos e nem imaginam que eles nos dão bem mais. Quero o sorriso do idoso que me reconhece e pergunta porque demorei para voltar, as músicas animadas que a senhora na cama não para de cantar, a alegria de perder um jogo de sinuca para aquele senhor que sempre ganha e a força para ouvir histórias de vida sofridas.
O que eu mais quero hoje é sentir que pude ajudar pelo menos um pouquinho aquelas pessoas tão mais fortes do que eu. É ver os olhos brilharem com a mágica que fez, conquistar a confiança da criança com medo, ver o choro de dor sendo substituído por um sorrisinho tímido quando tropeçamos no corredor e terminar o dia sentindo uma mãozinha mínima pegar na sua e uma voz baixinha dizer um 'Não vai agora, palhacinho'.
Vestimos o nariz de palhaço, a menor máscara do mundo, não para escondermos quem somos, mas para sermos quem queremos, a melhor pessoa que podemos ser, para levar um pouco de alegria para algumas pessoas e acabarmos descobrindo com elas que podemos ser bem mais.
Trabalho voluntário? Com certeza e com muito orgulho. Não há dinheiro que pague o que vivenciamos, nenhum salário pode pagar o senhor que levanta da cadeira de rodas para dançar com você ou a criança que pede para levar você para casa.
Hoje eu quero mais. Quero sentir o cheiro do nariz de palhaço, da tinta branca e sentir saudade dos momentos vividos, lembrando de quando me ajoelhei para abraçar uma criança ou para falar com um idoso na cama, que dizem, quando vamos embora, que vão ficar com saudade e nem imaginam que a nossa saudade é tão grande quanto a deles.

Fonte: Risonhos

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